:Dadaísmo

Caralho.

Ao fazer bigode na Mona Lisa, Marcel Duchamp conseguiu dessacralizar  essa estúpida imagem que todos chamavam de perfeita.

O dadaísmo começou na Suíça por volta de 1916. Claro que a galera não grita "aê, vanguarda nova! Sifode quem veio antes", cria uma tabela rígida de novas tendências  e voilà, nasce um movimento. Mas a história aponta para o Cabaret Voltaire - dirigido pelo filósofo, poeta e romancista Hugo Ball ,e pela sua companheira, a cantora Emmy Hennings -como local de origem de toda a coisa. Logicamente que unidos a outros artistas, pois o lugar dava espaço para experimentações e liberdade. Dadaísmo envolvia música, apresentações em público, teorias e mesmo design gráfico. O lance era ridicularizar tudo que a guerra vigente representava, e ao mesmo tempo ridicularizar a arte e negar completamente a cultura (e se negar como tal), defendendo tudo que fosse absurdo, doentio, etc.

Do Duchamp. Não lembro o nome, dica.

A coisa toda alcançou Paris, NY, Berlim e vários outros lugares de representatividade significante na época, ganhando força e aliados.
Era comum no dadaísmo o ready-mate (na verdade CRIADO [ao menos o termo] por um dadaísta) e as colagens sem muito sentido (que eu sou fucking fã).

"Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso." - Tristan Tzara

Nessa época temos a tipografia com tipos misturados. Palavras dispostas sem qualquer nexo, geralmente da direita para a esquerda. Podiam ser lidas em qualquer direção. No entanto, quando esse estilo foi adotado para o comércio, apenas as disposições estranhas e fontes estranhas se mantinham.

Essa bagunça ganhou sentido para ser comercializada, e depois influenciou grandes referências de publicação.

Essa corrente artística deixou muitos traços para os estilos musicais "avant-garde" (termo utilizado também em moda atualmente) e "downtown", surrealismo, novo realismo, pop art, Fluxus e o Punk Rock!

A marca rosa chá propôs dadaísmo, e outras correntes próximas à decada de 20 para seus biquinis, em 2007, em uma "fashion week" em Nova Iorque.

Em alguns lugares, eu li que o movimento MAVO (japonês) era dadaísta. Bom, nem tanto. Os grandes pensadores deles eram mais ligados ao construtivismo, que realmente fica perto dessa época e foi de certo mudo influenciado, mas não são realmente dadaístas. O mais dadaísta do grupo era o Jun Tsuji. No entanto. Rodando muito, encontrei um poema do Takahashi Shinkichi, em inglês (hei de deixar no final do post, porque ninguém é obrigado a saber inglês)

Night 

went to buy koniak late
dead drunk flames rise from the red split wood
tongue the sky’s base, an empty coffin.

morning
a middle schoolboy came carrying octopus legs
boiled them in the earthen pot
eat the koniak, middle schoolboy
now it’s moist
he said that inside the mattress
his stomach is cold and hurts

in the midday autumn the sky is towering
bringing hog’s-meat he came again
to where in the eye half-closed with sleep
toothpowder had been scattered.
“Shall I give up the ghost?” 

“now here me this, middle schoolboy
descending the embankment:
marry neither the housemaster’s daughter
nor the temple girl yet feast
leave no taste on the testamentary
which even without sugar is saccharine”

Takahashi Shinkichi

Isso é um estilo. Deis essas voltas para dizer que pessoas assumem isso como estilo. Que tal rever seus conceitos?